Múltiplos Olhares

A partir de hoje, 18/04, essa Coluna estará na página inicial e em nosso Facebook.



 
TODOS OS BICHOS E POESIAS DE NÊ SANT'ANNA

"Talvez,
a palavra foi inventada num momento em que o homem se sentiu sufocado com a palavra não inventada que habitava dentro dele".




TODOS OS BICHOS E POEMAS DE NÊ SANT’ANNA
Gostaria de pedir desculpas aos leitores/as, desde já, pois invadi a Coluna da Nê Sant’Anna. Confesso que não tenho a sutileza de brincar com as palavras sobre o cotidiano como a Nê. Mesmo assim apresento-lhes uma crônica. Espero que gostem.
PRIMEIRO
(poderia ser o primeiro, mas não é!).


Entre milhares de fotografias, escrevo uma linha ou outra, leio uma linha ou outra, ouço uma música ou outra. Vou até o banheiro vez ou outra. Tomo café e fumo e fumo e tomo café – sem muitas regras. Volto às fotografias antigas. Releio velhos poemas e volto às fotografias. Vez ou outra acredito que só os loucos são felizes. Lembro-me de velhos tempos, relembro velhos tempos vez ou outra. Ouço Maysa (Monjardim ou Matarazzo, simplesmente Maysa). Vez ou outra ouço Cazuza e Cássia Eller, Elis Regina & Maria Rita. Leio Pablo Neruda e vez ou outra leio contos de Caio Fernando Abreu. Escrevo, reescrevo, leio papéis e mais papéis vez ou outra. Vez ou outra fico de papo pro ar sem fazer nada e sem fazer nada fico olhando para o teto. Vez ou outra me encaro fronte ao espelho. Faço caretas, olho fixo em meus olhos, tento descobrir os meus pensamentos – vez ou outra. Uso o controle remoto da TV pra trocar de canal enes vezes, troco e troco de canal enes vezes sem parar em nenhum. Vezes ou outra saio sem rumo certo. Retorno às fotografias. Organizo os livros, os discos, as revistas, os arquivos no computador... Vezes ou outras vezes continuo tentando escrever um conto. Vez ou outra dou o título de primeiro, mesmo não sendo de primeira. Vez ou outra consulto o dicionário em busca de palavras difíceis que nem mesmo sei pronunciar – só pra causar um certo estranhamento nos textos. Revolto com as fotografias. Vez ou outra tento ser POP. Volto à adolescência vez ou outra [ou quase todas as vezes]. Fico bestificado com tantas coisas (vez ou outra). Vez ou outra durmo cedo e acordo tarde. Vez ou outra me perco em meio as milhares fotografias, escrevo uma linha ou outra, releio uma linha ou outra, ouço uma música ou outra. Vou até o banheiro vez ou outra. Tomo café e fumo e tomo café e fumo e fumo. Sem muitas regras volto às fotografias antigas.







Obs: Nê Sant’Anna espero que também tenha gostado. Obrigado por ser minha amiga e, sempre, me apresentar novas técnicas, novas fontes de inspiração, enfim, obrigado.






QUADRO
Pipa no céu
Numa tarde de Domingo:
Não pude fotografar!
Ficou o quadro na retina da memória:
Um espermatozóide libertário querendo fecundar!









VIAGEM
Quero caminhar
Pelas ruas de pedras de Paraty,
Ladeadas pelo casario multicor,
E inalar a atmosfera
De velhas décadas, livros e mar.
Quero meditar
Sob um céu azul de calmaria,
Em um banco de praça
Ou numa cadeira de bar.
Talvez assim, ao fim do dia,
Possa apaziguar minhas tormentas
E sem pressa alguma,
Contemplar a lua,
Refletida nas velhas ruas
Entranhadas de poesia, história e mar.







CIRANDANDO
Meninas bipolares
Cirandam transtornadas,
Como se narcotizadas.
Rodopiam e entram na roda,
Não recitam:
Choram amedrontadas e...
Gritam alucinadas!


(Ciranda)



(Meninas)




DIALÉTICA
E agora,
Com a cortina a meio palmo,
Organizo meus poemas,
Reconheço meus pecados,
Perdôo a mim mesma
E o que preciso perdoar;
Aceito o que sou,
Reconheço-me sem ilusões;
E do vento aspiro forças
Para ter calma e fé,
E poder, sem muito medo,
Até o fim...
Caminhar.



"Escarro versos porque preciso respirar."




BORDADO
Costuro passado e presente
Remendo emoções e medos
Teço meu bordado
Em pontos largos,
Não lineares, imprecisos...
Flexíveis.



PÁTRIA

Pátria,
Não te fazemos de símbolos,
Ou heróis fabricados,
Amarelados nos livros.
Te construímos,
Nos destruímos – alguns -,
A cada sol,
Na labuta diária.

Te fazemos de terra, suor,
Cerveja, carnaval.
Te esculpimos gorda e alegre,
Nos devaneios cívicos.
Te encontramos,
Muitas vezes,
Magra, anêmica.

Te queremos,
Pátria amada.
Te fazemos de povo,
Encardido, enxovalhado,
Nas ruas, nos campos.

Nós te somos,
Imensos rostos em frestas de janelas, tímidos,
Esperando um raio de sol.
Mas, quando com coragem escancararmos as janelas,
E mostrarmos nossos rostos conscientes,
Te faremos Pátria Nossa.





CONTABILIDADE
Quanto + envelheço
+ encolho armários
+ desço bainhas
+ seleciono palavras
+ versos enxugo
- certezas tenho
+ emoções reconheço.








A ÓPERA MENSALÃO

O julgamento do Mensalão poderia ser uma ópera. A cada nova sessão, argumentos e “novas” palavras surgem e surpreendem.  No primeiro dia, quando o procurador disse versos de Chico Buarque, imaginei vários diálogos tendo sua música como pano de fundo envolvendo acusados, advogados e platéia. A imaginação tomou forma de poemetos, inspirados na performance dos advogados durante o desenrolar do julgamento.

O José Dirceu poderia cantar para o Roberto Jeferson:

O ROBERTO

O Roberto levou meu sorriso
No sorriso dele
Levou junto com ele o que é de direito
E o que não era não
Entregou o esquema, o meu papel,
E além de tudo
Manchou muito
Minha reputação!
O Roberto
Levou junto com ele
Os meus quatro anos e o meu canetão,
E não contente
Me acusou do Mensalão!

O Roberto poderia então responder cantando, já que é um estudioso do belo canto:

Exijo respeito,
Não sou um mensaleiro
Chego a abrir o peito
Quando aparece um doutor
Que não entende que só fiz um caixa 2
E me acusa de ser um usurpador!

Então os advogados, dependendo das facções dos clientes entoariam em coro:

O procurador é bamba
Na procuradoria
Mas nunca arrecadou dinheiro
Nunca fez campanha!

Um advogado que não conhece a obra do Chico e não sabe cantar, não perde a pose e declama com emoção, munido de um teclado como objeto cênico:

Estou trazendo este teclado
Para o tribunal
Pois máquina de escrever
É coisa já inexistente
Porque quero provar, sem sombra de dúvida alguma
Que sobre uma pobre batedeira de cheque
Como foi minha cliente
Não pode pairar
Acusação nenhuma.

A platéia comovida canta:

Não se afobem não
Que nada é pra já
E mentiras podem pairar
Milênios, milênios...
No ar.

E para encerrar os trabalhos do dia, em ritmo de samba entoam animadamente:

Agora o que já é normal
É o que dá de malandro regular, profissional
Malandro com gravata, com contrato e capital
Que nunca se dá mal!





Fecham-se as portas e o salão é preparado para a ópera do próximo dia. 

Nê Sant’Anna
07 de agosto de 2012




“ATÉ O CHICO ENTROU NA RODA”
Começou o julgamento do mensalão. No primeiro dia a acusação citou versos de Chico Buarque nos quais ele elegantemente fala que a “nossa Pátria mãe gentil era subtraída”. Como roda mundo, roda pião, os advogados de defesa não se esquivaram do dever de casa e no segundo dia de julgamento, uns mais, outros menos, mostraram talentos retóricos memoráveis ao retrucar as acusações: “Ora, o que importa é a Constituição, não versos do Chico, não há provas que houve mensalão, só frases de efeito”; “Meu cliente é inocente, se por acaso (por injustiça, é claro), ele for condenado, que a pena seja abrandada” (trocando em miúdos: não deve ser o único bode expiatório midiático); “Não se furta a responder pelo que fez... caixa 2... é ilícito? É!!!”; “Não deve ser condenado pelo CNPJ, mas julgado pelo CPF E RG”; “...No máximo um caixa 2...” (mais uma vez trocando em miúdos: foi só um caixa 2, ora, que hipocrisia é essa, todos não faziam uso desse expediente?)
Tudo muito polido e elegante, não como uma “ópera do malandro”, mas, sem dúvida uma ópera! Os que quiserem assisti-la são obrigados a vestirem-se de acordo, é necessário à encenação e a nossa auto-estima, pois como já cantou Chico: “quem brinca de princesa, acostuma-se a fantasia”.
E por que não fazer de conta se somos multifacetados e tateando em busca de uma identidade “respeitável” buscamos classe, seriedade, austeridade, formalidade...embora, na maioria das vezes, quando encontramos esses elementos personificados, logo acusamos a criatura que os porta de não ser do povo, ter o nariz empinado, não saber negociar, não ter jogo de cintura, etc.,etc. e tal.
A ópera, até agora, está “fina”, advogados e réus estão incorporando e encenando seus papéis com estudada sutileza; nada é escancarado ou gratuito: palavras ferinas, adjetivos ácidos ou bajulatórios e princípios legais são cuidadosamente escolhidos.
A platéia da nossa Pátria mãe gentil amadureceu? Perdeu a inocência, claro, não acredita mais em “incorruptíveis” ou retratos em branco e preto e também não quer perder o espetáculo que passa na avenida! Mas, sem dúvida, veste uma fantasia “chique”! Lembram-se do tragicômico impeachment do Collor? Que horror, quanta falta de polidez, que encenação de mau gosto!
A ópera do mensalão ficará em cartaz por várias semanas, mas o verso do Chico que se encaixa como uma luva em seus atos não seria “não existe pecado do lado de baixo do Equador?”

Nota: usei com licença poética alguns versos de Chico Buarque, em negrito. Ele entrou na “roda dessa ópera” pelo seu imenso talento e posturas éticas, ao contrário dos canastrões atores principais.


POETA BRINCANTE
Sou um poeta brincante
E não levo a sério
Nem a vida,
Nem a morte.

Recolho versos do vento
E não traço retas:
Componho mosaicos,
Em minha caminhada no tempo.






RETORNO: Estou de volta, queridos leitores dessa coluna. Também estou numa fase visceral e esse é um estado propício para a poesia. Há muito deixei de lutar contra mim mesma e contra o quê o vento me sopra. E o vento anda soprando poesia e InPALAVRAS! Cecília Meireles disse em um poema: “tenho fases como a lua...”; tomo emprestado seu verso para essa fase da minha vida e enquanto o vento soprar dedicarei esse espaço para compartilhar, principalmente, minhas poesias.

Não pensem que estou dedicando-me só aos versos (como se fosse pouco); paralelamente trabalho, entre outros projetos, em dois livros, um dos quais é um depoimento da vida de um presidiário que entrou em contato com a SACI através do Prêmio Iepê de Poesia. É um desafio e um mergulho num universo desconhecido e profundo, ás vezes até a respiração fica difícil quando submergimos nessas águas. Mas é gratificante saber que conseguimos esse diálogo aberto com esse universo.
Enquanto escrevia esse texto o telefone tocou e o vento me trouxe um novo sopro: um senhor de uma cidade próxima pedia nosso auxílio para desenvolver um grande projeto cultural em seu município. Ficou conhecendo nosso trabalho através do blog e da imprensa. Graças a Deus, bons ventos sopram... E novas tarefas também.

MÚSICA
                 Para João Carlos Martins

Música:
Brincadeira das notas
Conduzidas pela emoção;
Bachianas eternas,
Poesia sonora,
Que brotam de um, dois...
Mil dedos de João.







INSIGHT: SOBRE A ATUALIDADE

É IMPERATIVO em nossos dias: ser politicamente correto, trabalhar com prazer, cuidar da casa (sem usar sacos plásticos), educar os filhos com liberdade e limites, participar do processo educacional, entender de política, taxa de juros e níveis de colesterol, acompanhar a vida das celebridades e de outros mortais via facebook, twitter e afins, zapear pela TV aberta e a cabo, ler alguns Best-sellers, jornais e revistas semanais (de preferência no tablet para não perder tempo), ser criativo, autocrítico, pró-ativo, comunicativo e sem perder La ternura jamais liderar com firmeza e competência equipes de trabalho ou de qualquer outra coisa (não faltam opções de ONGs, O.S. e Associações para todos os gostos e ideais), cuidar do corpo, do cabelo, da alimentação, das unhas (cores de esmalte proliferam como vírus), dormir 8 horas e acordar de bom-humor para malhar, mesclar peças fashion e de designer com artesanato e produtos de escala industrial (seja na moda ou na decoração), ser autêntico, mas saber conviver em sociedade, viajar para lugares clássicos e exóticos (claro que é imprescindível achar o máximo as experiências com o luxo e o lixo e tirar lições dos atrasos nos aeroportos e outros atrapalhos, se for muito antenado(a), dessa experiência vital para a humanidade, você poderá produzir uma série de palestras de auto-ajuda), ter um parceiro(a) com o(a) qual flua o diálogo, mas sem discutir a relação e é claro, não deixar a rotina invadir a cama (é altamente recomendado achar tempo para ler sobre o assunto e frequentar sex-shops, terapeutas, etc.), manter uma vasta rede de contato e de amigos e dar atenção a esses relacionamentos, e nunca, jamais...deixar-se dominar pelo stress!


Voltarei em agosto, se Deus quiser. Aproveitem o inverno para ler poesia debaixo das cobertas, assistir velhos clássicos de suspense e libertar o pensamento; se sobrar um tempo, enviem para esse blog (via e-mail, facebook  ou comentários) outras atitudes e coisas “imperativas” em nossos dias.  





“Vou colecionar mais um soneto um retrato em branco
e preto a maltratar meu coração”
(Chico Buarque) 

COLEÇÕES

Durante a vida colecionamos, colecionamos... Amores, lembranças, frustrações, objetos. Com o tempo a tendência são retratos em branco e preto ou exageradamente coloridos, psicodélicos, com tintas fornecidas pela fantasia.
Poesia são flashes de emoções e percepções. Trago essa semana retratos ¾ de 2010.



2010 EM ¾

NORDESTE

Enchente,
Desespero,
Lágrimas de poeira,
Solidariedade e solidão,
Marcaram os dias
Para muitas,
Muitas vidas Severinas!


COPA 2010

A bola rola por vontade própria,
O mundo gira,
Saramago se despede,
Lula é o cara,
O Rio continua lindo,
O som é mais ruidoso!
Mas, e as sempre eternas questões?
É... talvez hoje se traduzam em:
VUVUZELA, MANDELA!



OUTUBRO

Salve o palhaço Tiririca,
O bolsa família,
A beleza florestal,
E todas as velhas demagogias e hipocrisias!






Dia 24 de junho Iepê comemora 89 anos, embora tenha sido fundada em 23 de abril de 1923. A data de 24 de Junho foi instituída como o Dia da Cidade pelo prefeito Álvaro Coelho em 1960 (Lei nº 77 do dia 13 de Julho de 1960 que diz em seu artigo 1º: “Fica instituído a partir da promulgação desta lei o DIA DA CIDADE, que recairá na data de 24 de junho, consagrado a São João Batista, padroeiro da cidade e já considerada feriado municipal, por força da Lei nº 3, de 23 de junho de 1952”).
Datas a parte o que interessa e deve ser constantemente relembrado é o ideal pelo qual Iepê foi fundada: a liberdade. Liberdade de quê? Liberdade de pensamento!, garantindo Liberdade religiosa e política. Iepê poderia ter se tornado um gueto protestante e continuar alimentando as brigas religiosas com o patrimônio de São Roque e, provavelmente, os dois patrimônios teriam deixado de existir. Felizmente a concepção que norteou sua fundação, e possibilitou o florescimento de uma cidade há 89 anos, foi a de uma Cultura de Paz, sintetizada na frase de Chico Maria: “UMA TERRA PARA TODOS”.
 Chico Maria e Antônio de Almeida Prado, que doou dez alqueires de terra para a criação de Iepê, são os fundadores de Iepê. No início a cidade era chamada de Liberdade, mas, por motivos burocráticos (sempre eles), recebeu o nome Iepê, que em Tupi-Guarani significa numa tradução poética “Liberdade” (e a rigor Um ou Lugar Único).
Vou dizer novamente o ano de fundação: 1923! Cinco anos após a Primeira Guerra Mundial e em Plena República Velha brasileira, ou seja, as ideias sobre Democracia e Cultura de Paz não estavam “incorporadas” culturalmente, como ainda não estão. Esse alicerce no qual a fundação de Iepê está sedimentada é que não pode ser esquecido e, mais que isso, além de orgulho, deve ser objeto de contínua reflexão não só por Iepeenses, mas por todos que como nossos pioneiros sonham com um mundo melhor no qual a Liberdade política, religiosa e de gênero nunca deve ser - sob pretexto algum- moeda de troca.

IEPÊ: LUGAR ÚNICO

Eu nasci numa cidade pequenina e especial;
Natureza exuberante, gente forte,
Que no sertão
Plantou uma cidade que de todos pudesse ser.
Eu nasci numa cidade concebida
Por um sonho de liberdade
Terra roxa e fértil, lugar único,
De onde brotam ideais, poesia, arte e pão.




VELHO POEMA PERDIDO

Meu mundo caiu
Numa bacia de sabão
Ficou alvo e translúcido,
Sem nenhuma fibra ou cor
Imerso em depressiva solidão.



NOTÍCIAS DO MEU GOL BRANCO ANO 2004

Meu Gol me mandou notícias; chegaram via correio em uma multa por excesso de velocidade numa estrada perto de Bauru. Detalhe: na data da multa eu já tinha vendido-o e no breve espaço de tempo para transferir os documentos é que o danado do gol achou um jeito de me dizer adeus. A multa veio com uma foto dele, bem mais bonito e sem a batida lateral, aquela que eu nunca tive coragem de consertar!
Fiquei triste de vê-lo pela última vez, mas foi um jeito de nos despedirmos definitivamente, porque no dia que o levaram para a venda eu não consegui estar presente. Acho que seremos felizes: ele e eu aventurando-nos por outros caminhos...








INSIGHT: SOBRE ARTE E POESIA. Vejam o filme indiano “Como estrelas no céu” (disponível no Ponto de leitura). Esse filme mostra o caráter libertador e transformador da arte. “Pra que serve a arte? Pergunta e responde um personagem: Pra expressar sentimentos.” Concluo o raciocínio: quando expressamos o que nos estrangula, organizamos nossas “prateleiras internas” e ganhamos força para continuar caminhando e transformando em arte a poesia que encontramos.
O personagem principal do filme é um menino disléxico, ou seja, que tem dificuldades em ler e escrever. Através da pintura ele “organiza suas prateleiras” e assim, consegue superar muitas dificuldades. A grande sacada do filme é mostrar que olhos “diferentes” na verdade conseguem enxergar outros universos, pincelados de outras cores e formas.







              Insight: Sobre o BBB. O que salva o Big Brother? Certamente não são as “manjadas intrigas e amores” da casa, mas sim as crônicas do Pedro Bial. O alicerce para essas crônicas são os muitos livros que ele já leu além do seu contato com diversos repertórios culturais; ou vocês acham que Bial passou a adolescência e a juventude grudado numa tela de TV, assistindo BBB?

Insight: Sobre água. Muita gente, principalmente em Brasília, está evitando banho. Atitude ecológica à La ator americano? Não, simplesmente para nem “pensar” em CACHOEIRAS!













TRAVESSIA
Chico foi,
Millôr se foi.
Deus:
Me leve sem dor!

               INSIGHT: Desconfie dos paladinos da “honestidade, moral, bons costumes e posturas éticas”. Vale a velha história: perguntaram a um escravo recém-liberto: o que você vai fazer agora? E ele prontamente respondeu: ora, vou comprar um escravo! Demóstenes, todo empertigado em seu “traje virtuoso”, personifica velhas histórias, velhas práticas, manjadas posturas, manjados discursos... Por que ainda funcionam? Porque gostamos de ouvi-los!









MEU GOL BRANCO ANO 2004

Objetos carregam histórias. Meu gol (agora ex-gol) branco ano 2004, carregará as minhas. Relutei até o último momento para trocá-lo. Tentei a megasena, a lotomania, a quina... se ganhasse uma delas, não venderia o carro, o deixaria envelhecer junto comigo.
A lataria do meu gol 2004 (não consigo referir-me a ele de outro jeito), carrega lembranças do meu pai, que pouco antes de morrer em 2008, “marcou-a” com uma pequena batida.
Meu gol carrega todas as crises que passei: emocionais, financeiras, artísticas, etc., etc. Em seus bancos e bagageiro transportei a infância de meu filho, meus 30 e poucos anos e a chegada dos 40, instrumentos musicais para os shows “um passeio pela MPB” de 2004 e 2005, muitas “mudanças” de livros e objetos para eventos culturais e para a SACI, além de sonhos e projetos.
Quando ele chegou em 2004, reluzente e novinho, eu estava no pior momento da minha vida. Lutei, venci, amadureci e perdi muitas coisas, que evaporaram de dentro de mim. De certa forma, meu gol trazia-as de volta.
Antes de entregá-lo, pedi ao Tiago que o fotografasse. Nesse mesmo dia, ocorreu-me o enredo de uma história, que estou terminando. É, meu gol branco sempre trouxe inspiração...
Claro que fiz um InPalavra para ele! E por falar em InPalavra, não se preocupem com a questão do gênero, tanto faz ser a Inpalavra, como o InPalavra. A definição Instalações Artísticas (inconscientes ou não) com palavras, definem o conceito, não uma sigla. InPalavras são território livre, regidos pela arte e pela poesia.






INSIGHT SOBRE HOMENS E PESCARIA: Tenho inveja de pescadores, da calma com que ficam à beira dos rios esperando a fisgada dos peixes. Quando viajo e observo-os nas pontes, percebo uma resignação indescritível que os move. Nunca consegui pescar, não consigo parar e pensar em uma só coisa, turbilhões varrem meu pensamento e apresentam projetos, poemas etc. etc. Quando surgirá em mim a pessoa calma que busco ser?




Nenhum comentário:

Postar um comentário